Em 1995 eu cheguei em São José dos Campos, há época, com 21 anos. Minha primeira filha tinha acabado de nascer, eu, ainda tão novinha, começava minha linda história de amor com essa cidade que tanto amo.
Eu nasci na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Grajaú, aos pés da favela Divinéia, filha do Sr. Mazinho e da D. Sônia. Meu pai era motorista, minha mãe dona de casa, a família muito simples, um casal batalhador que lutou bastante para criar seus 3 filhos.
Eu me lembro com o maior orgulho da vida, que andava na carroceria da Kombi do meu pai, já que não cabíamos todos na parte de dentro. Assim, muitas vezes, fui para os meus jogos, treinos… E era até bem divertido, eu confesso.
Comecei a jogar no Grajaú Tênis Clube em 1987, aos 12 anos, nesse ano eu me lembro que uma atleta mais experiente me aconselhou, nada gentilmente, que eu desistisse do vôlei porque, na avaliação dela, eu era muito ruim, mas meus pais não me deixaram acreditar naquilo e eu segui.
Dois anos depois, em 1989, me tornei campeã brasileira, defendendo a Seleção Carioca de Vôlei. Em 1991, integrando a Seleção Brasileira de Vôlei, sob o comando do José Roberto Guimarães, joguei meu primeiro campeonato mundial e fui vice-campeã.
Depois disso, vários outros títulos vieram, mas todos nós sabemos bem que a vida não é feita somente de vitórias, existem os dias difíceis e eu também estava aprendendo a lidar com eles.
Me casei muito cedo e vim para São José tentar salvar o relacionamento. Eu e minha pequena família fomos recebidos com todo amor e suporte pela família Guisard, que foram fundamentais nessa adaptação.
Naquela época, eu morava no Jardim das Indústrias, meu ex-marido fazia cocadas alemãs quando chegava do trabalho e eu diariamente saia com um pote andando pelo bairro, batendo de porta em porta, vendendo as cocadas. A atleta da seleção brasileira, naquele momento era uma mãezinha e dona de casa, lutando para ajudar no orçamento do lar, longe dos pais e irmãos, passando momentos difíceis, mas lutando. Logo veio meu segundo filho e em seguida meu retorno às quadras.
Nessa época, 1997, fui morar sozinha em São Paulo para jogar a Superliga de Vôlei e depois voltei para São José para jogar o campeonato Paulista. E foi defendendo São José dos Campos que me tornei bi-campeã brasileira. Como capitã da equipe joseense, também conquistei os jogos Regionais e ganhei o prêmio de melhor atleta.
No vôlei conheci grandes amigos que fazem parte da minha vida até hoje.
Meu casamento acabou, mas minha ligação com São José dos Campos não. Continuei por aqui, me casei novamente, tive minha terceira filha, que hoje tanto me orgulha e defende nossa cidade no voleibol, assim como meu filho também já a defendeu.
Tive lojas no Shopping Centervale, atuei como treinadora de vôlei e, em 2017, joguei o Campeonato Master de Vôlei Feminino da CBV, oportunidade em que, com muito orgulho, fui Campeã Mundial aos 42 anos de idade.
Após isso, fui convidada para coordenar o voleibol feminino no Programa Atleta Cidadão, aqui em São José dos Campos, uma experiência maravilhosa! Em média o programa tinha 100 meninas, dos 11 aos 20 anos, eram 6 categorias e conquistamos vários títulos, dentre eles o de equipe mais nova a ganhar os Jogos Regionais.
Tantas vidas transformadas por meio do esporte e eu nunca tinha me dado conta do quão poderosa é a ação do esporte na sociedade. Foi uma época muito especial para mim!
Minha saída do Programa gerou um grande movimento por parte de pais e atletas e com isso veio o convite para ser candidata à vice-prefeita. Ao longo do tempo, alguns amigos me fizeram enxergar que a política me abriria um grande leque de possibilidades para lutar pelo esporte e por outras formas de transformar a vida das pessoas.
Assim, tenho me dedicado intensamente a transformar nossa cidade e nossa sociedade, para que possamos, juntos, fazer de São José dos Campos um lugar cada vez melhor. E foi por causa desse empenho em ajudar as pessoas que, com muita honra, fui agraciada com o Título de Cidadã Joseense, em fevereiro de 2024.
Agradeço muito a Deus porque o longo caminho que percorri, repleto de sacrifícios e desafios, foram todos superados porque Deus sempre esteve comigo. Todas essas dificuldades sempre foi Deus me forjando para esse momento.
À minha amada família, meu marido e nossos filhos, vocês são meu refúgio de amor, meu abraço mais apertado e a base sólida em minha vida. Obrigada.
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